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A tartaruga oferece cogumelos

Ismael de Lima Vieira

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Era quase hora do sol se pôr na vila da Caixa D’água, quando o potro de longa crina Zitsma sugeriu a sua companheira a leoa de juba Laiata que fossem visitar velho amigo bisão Ophecrister, que morava numa taverna bem próxima.

Chegando lá, Ophercrister os recebe oferecendo um bom fermentado de cana no aconchego de um rústico sofá, está lá também um outro amigo, o panda-vermelho Ciritar, conversa vai e conversa vem, logo chega uma outra residente da taverna, a tartaruga sem casco Sandy.

Ophercrister a questiona:

- Sandy onde estava até essa hora?

A tartaruga põe-se a responder lentamente:

- Eu me perdi no caminho de volta do mercado e … aproveitei para colher uns … cogumelos no bosque. Aceitam?

Todos se olharam e em seguida admiraram uma linda cestinha de suculentos cogumelos coloridos, todos adornados de vermelho em diversos tons, assim se perguntaram: por que não?

O que não sabiam era de onde vieram aqueles cogumelos, os pobres cabeçudos tinham nascido logo num banhado onde uma indústria de malvados largava seus males residuais.

Comeram e sem demora começaram a passar mal, o potro bem assustado relinchava, pois pensava que as cores que agora em sua mente tinham vida iriam o engolir.

A leoa desorientada se pegara sentada tentando ascender o cachimbo ao contrário, o bisão bem alterado, não parava de andar, para lá e para cá, a tartaruga pobrezinha, como um relâmpago em câmara lenta correu para bem longe.

Como se não bastasse toda essa algazarra, chega uma trupe de guaxinins mal-intencionados. Queriam farra! Chegaram já gritando, o potro trotando a leoa foi buscar, depois, pôs-se a cavalgar.

- Para onde vamos meu bem? — Pergunta a leoa sem entender.

- De volta para casa, não me sinto muito bem.

Caminharam por cinco minutos, mas na mente por bem mais, em casa, tomaram a cama como cura e decorrido a noite e quase toda a manhã, era quase meio dia quando o bisão bate à porta pedindo sobre a tartaruga. Ninguém sabia dela, foram então a procurar.

-Sandy! Sandy! — Gritavam todos, ao entrar no bosque ouviram um alto ruído, era forte e estrondoso.

-Roowwnck! –

-Roowwnck! -

Todos tremeram as canelas.

- O que será que pode ser? — Questiona a leoa.

- Deve ser um monstro! — Afirma o potro.

- Olhem lá! — Aponta o bisão.

Uma mancha cinza como uma enorme lesma, inflava como um balão e esvaziava rapidamente, então o ruído acontecia.

- Vamos lá, todos junto e devagar — Diz o bisão.

Ao chegar perto logo notaram, a tartaruga estava ali, estirada, roncando, ao olhar em volta percebem os cogumelos em seu pântano, veem também os malditos canos a poluir um tão belo lugar. Chamam então as autoridades que assumem com vontade resolver aquela complicação.

Moral da história: Se for comer cogumelos certifique-se do fornecedor.

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Ismael de Lima Vieira
Ismael de Lima Vieira

Written by Ismael de Lima Vieira

Graduado em letras, amante da literatura, busco encontrar-me como escritor. Contato: izma.vieira@gmail.com

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